Seringueiros destacam a crescente procura de jovens para iniciar atividade extrativista nos municípios

FOTOS: Rita Ferreira /Idam

Com grande potencial para reativação de áreas de extração de borracha no Amazonas, o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam) realizou uma reunião com presidentes de associações de seringueiros e representantes de uma das empresas compradoras da matéria-prima, na tarde desta segunda-feira (13/03), com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva da borracha.

O chefe do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Florestal (Datf) do Idam, Luiz Rocha, destaca que o encontro foi importante para alinhar os trabalhos entre os representantes dos extrativistas, a empresa Vert, e o Idam, que realiza atividades de assistência técnica junto aos produtores.

“Esses extrativistas terão os produtos enquanto a empresa já estará com o preço e adiantando o pagamento, o que é muito importante porque, neste projeto, os produtores têm a segurança de já ter o comprador na porta do seringal para vender o produto à vista”, disse.

Crescimento da atividade
Presentes na reunião, os presidentes da Associação dos Seringueiros de Lábrea, Antônio David Brito Lima, e da Associação dos Produtores de Borracha de Urapiara-Humaitá, Roberval Bezerra da Silva, ressaltaram que em seus municípios há uma crescente procura de trabalhadores pela extração da borracha, sobretudo de jovens que migram de outras atividades econômicas menos rentáveis e que veem nos seringais uma oportunidade de emprego e renda.

“Os produtores estão desestimulados por outras atividades, como a pesca e outras culturas, e querem voltar ao extrativismo. Lábrea produzia cerca de 800 toneladas, hoje nós estamos produzindo com apenas um seringal, de 20 a 30% do potencial. Temos muitos seringais nativos e virgens, o que tem faltado são os utensílios que não têm no mercado, por isso o Plano Safra tem sido muito importante para nos ajudar”, ressaltou Antônio David Brito de Lima.

“Hoje, nós temos um preço justo, compensa aos extrativistas voltarem à atividade. É viável e nós conseguimos manter a floresta em pé mesmo com uma boa produção. Para o nosso município (Humaitá), é muito importante ter surgido novamente a evolução da borracha, porque é sustentável. O garimpo era uma atividade muito produtiva financeiramente, mas para o meio ambiente que não era satisfatório e está sendo extinta”, reforçou Roberval Bezerra.

Em Lábrea, há 200 extrativistas de borracha ativos atualmente. A perspectiva da Associação é que esse número aumente, podendo chegar aos 300 este ano. Já em Humaitá, são 193 produtores em atividade, e a meta é alcançar a 500 até 2024, de acordo com o representante da associação.

“O fortalecimento vem com o apoio dos técnicos e dos projetos disponíveis pela Sepror e pelo Idam, sabendo que as empresas parceiras que compram o látex vão continuar firmando contrato, e desenvolvendo a parte organizacional da associação, que vamos continuar estruturando de forma cada vez melhor para 2023 e 2024, com aumento da subvenção”, ressaltou Antônio David sobre a reunião.

Aquisição de matéria-prima
Representando a empresa franco-brasileira Vert, que produz tênis no Brasil com borracha nativa da Amazônia, o empresário François Morilion reforçou que a visita se deu para renovar e ampliar os contratos com as cooperativas para aquisição da matéria-prima e para fortalecer o contato com o Idam.

“A marca nasceu quase 20 anos atrás em uma parceria entre a França e o Brasil. Começamos a trabalhar com a borracha nativa do Acre e há quatro anos atravessamos a fronteira do estado. Estamos comprando também do Amazonas e estamos crescendo nesta jornada junto com o trabalho do Idam”, disse.

Em 2022, a empresa adquiriu 125 toneladas de matéria-prima e a meta é quase dobrar em 2023, com aquisição de 220 toneladas.

Projeto Prioritário da Borracha


O Idam desenvolve o Projeto Prioritário da Borracha natural em 14 municípios do estado, o que beneficia cerca de 1.450 agricultores familiares em toda cadeia produtiva, que passa pela extração, coagulação, prensagem e secagem, e termina na comercialização primária, seguindo para o processo de industrialização caracterizado na transformação do Cernambi Virgem Prensado – CVP em Granulado Escuro Brasileiro – GEB o qual é utilizado para fabricação de pneus para motos e bicicletas. A estimativa de produção para 2023 é de 750 toneladas.