A praga é uma doença altamente destrutiva que ataca frutos de cacau e cupuaçu
Começou nesta segunda-feira (29/05), uma operação da Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf), em parceria com o Exército Brasileiro, e sob a coordenação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que visa erradicar focos da praga monilíase, que ataca frutos e cacau e cupuaçu.
Uma equipe de 19 pessoas, entre militares, servidores da Adaf, do Mapa e do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), estão atuando nas comunidades de Terezina III e Terezina IV – onde ocorreu o primeiro foco reconhecido oficialmente, no município de Tabatinga (a 1.108 quilômetros de Manaus) para fazer a poda de plantas infectadas e já identificadas.
Os soldados do Exército passaram por treinamento sobre procedimento de poda, no dia 25 de maio, para atuar em campo ao longo desta semana. Eles foram orientados sobre altura da poda, redução do material cortado, coleta de frutos, amontoamento, aplicação de antiesporulante e compostagem. O gerente de Defesa Vegetal da Adaf, Sivandro Campos, explica que, após a poda drástica, a rebrota acontece de quatro a seis meses, e a planta volta a produzir no prazo de um ano e meio a dois anos.
O foco de monilíase foi detectado no Estado no fim do ano passado, nos municípios de Tabatinga e Benjamin Constant, o que levou o Mapa a pôr todo o Amazonas sob quarentena, proibindo o trânsito de vegetais hospedeiros para o restante do país. Equipes da Adaf e do Mapa estão atuando constantemente para combater a praga. Desde março deste ano, mais de 400 plantas afetadas pela monilíase foram podadas nos dois municípios.
Paralelamente à operação com o Exército, uma equipe de servidores da Adaf e do Mapa está em uma embarcação da Marinha, percorrendo comunidades nos dois municípios, para identificar possíveis ocorrências da praga e orientar ribeirinhos. As prefeituras de Tabatinga e Benjamin também estão contribuindo com as atividades.
O diretor da Adaf, José Omena, afirma que há uma união de esforços entre diversas instituições com o intuito de combater a monilíase e evitar perdas para os produtores do Amazonas. “Esse engajamento de todos é muito importante. O apoio das prefeituras, das forças armadas e a receptividade nas comunidades é essencial para conter a praga”, disse o gestor.
Levantamento Fitossanitário
Simultaneamente ao trabalho de erradicação, a Adaf, em parceria com o Idam, vem realizando levantamentos fitossanitários de detecção e verificação da monilíase em outros municípios que não foram delimitados pelo Mapa como área de alto risco. Nesse levantamento, realizado desde janeiro, servidores estão cadastrando propriedades com plantações de cacau e cupuaçu nos municípios de Urucurituba, Humaitá, Guajará, Tefé, Alvarães, Coari e Codajás.
Focos
A monilíase é uma doença devastadora que afeta vegetais dos gêneros Theobroma e Herrania, como o cacau e o cupuaçu, causando perdas e elevação de custos da produção. Cada fruto infectado pode apresentar aproximadamente 7 bilhões de esporos. A detecção do primeiro foco, no Amazonas, foi anunciada pelo Mapa no ano passado. No dia 29 de novembro, uma equipe de emergência começou a percorrer a região para mapear as propriedades com plantio de cacau ou cupuaçu, ambos frutos hospedeiros da praga quarentenária, e assim delimitar a expansão da doença.
Focos pontuais da doença foram identificados em plantações não comerciais de cupuaçu e cacau nos municípios de Tabatinga e Benjamin Constant. O Mapa publicou uma portaria proibindo o trânsito de vegetais hospedeiros do Estado para o restante do país e, em seguida, a Adaf elaborou uma portaria complementar, restringindo a circulação de frutos dessas localidades para os demais municípios amazonenses.