O centro da Sejusc fomenta empreendedorismo, independência financeira e empoderamento da mulher em situação de violência
Mais um grupo de mulheres que vivenciou situações de violência doméstica e são assistidas pelo Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher (Cream), da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), recebeu, nesta quarta-feira (06/06), os certificados de conclusão de cursos de qualificação profissional oferecidos em parceria com o Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam).
A entrega dos certificados faz parte da ação interna “Mulheres que Inspiram”, em sintonia com as políticas do Governo do Amazonas de empoderamento e empregabilidade do público feminino. Mensalmente, o Cream atende em média 1,5 mil mulheres que tiveram seus direitos violados, com a oferta de atendimentos psicossociais, jurídicos, pedagógicos e de incentivo ao empreendedorismo.
Para a titular da Secretaria Executiva de Políticas para Mulheres (SEPM) da Sejusc, Maricília Costa, é fundamental fomentar a autonomia financeira de mulheres que romperam o ciclo de violência. No ano passado, foram 92 mulheres qualificadas para atuar no mercado de trabalho. Este ano, já são 50 capacitadas nos cursos profissionalizantes de Assistente Administrativo e Design de Sobrancelhas.
“Isso é de grande importância para o governo: saber que essas mulheres, hoje, já não vivem mais naquele ambiente hostil em que elas viviam. As mulheres já sabem que, aqui, elas são acolhidas”, declarou a secretária. “Também temos algumas mulheres que, agora, já são empreendedoras, que passaram por nós e, hoje, estão aqui trazendo o serviço delas”, complementou Maricília.
Durante o evento, que foi aberto à comunidade, mulheres assistidas e ex-assistidas puderam vender seus próprios produtos no Bazar Mulher Empreendedora. Foram realizados, ainda, um mutirão de embelezamento, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), e pré-cadastro para acesso ao crédito da Agência de Fomento do Estado (Afeam).
‘Criei asas’
Vendendo acessórios femininos produzidos à mão, Alícia Matos, de 27 anos, é uma das expositoras do bazar do Cream. Ela é assistida pelo projeto da Sejusc desde 2019, quando foi vítima do crime de violência física pelo ex-marido. Após receber suporte especializado e se qualificar nos cursos viabilizados pelo Cream, se tornou empreendedora e transformou sua vida.
“Conheci o Cream por meio da Delegacia da Mulher, depois de algumas situações que aconteceram. Foi aí que se abriram portas para eu passar pelo projeto, chegar até aqui e ser o que sou hoje, uma designer de sobrancelhas, sou empreendedora, trabalho com bazar e acessórios. Essa raiz que estava mal regada eu comecei a regar, essa árvore deu frutos e eu cheguei até aqui”, afirmou.
Alícia traça planos para um futuro que, há quatro anos, sequer vislumbrava. “Eu estava aprisionada ali [relacionamento abusivo], com aquela opressão e depois disso eu criei asas. Eu tenho minha independência financeira e isso é libertador. Estou com um projeto de abrir uma loja ou um empreendimento maior na área de estética, porque eu quero evoluir e creio que vai dar certo”, disse.
Portas abertas
A coordenadora do Cream, a psicóloga Marcela Santos, explica que o acesso aos serviços do Cream pode ser feito de duas maneiras distintas: por encaminhamento dos órgãos da rede de proteção da mulher, como as Delegacias Especializadas em Crimes Contra a Mulher (DCCM), ou por demanda espontânea, quando a mulher vai diretamente buscar o apoio das equipes do centro.
“Hoje, nós temos assistentes sociais, psicólogas, assessoria jurídica, pedagogia e até psicóloga infantil. A gente oferece cursos, em parceria com o Cetam e o Senac, para as mulheres saírem daquele ciclo de violência, da dependência desse marido agressor e poderem realmente ser mulheres independentes, com seus próprios negócios”, pontuou.
O Cream funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, no prédio ao lado da Escola Estadual Diana Pinheiro, localizado na Avenida Presidente Kennedy, 399, bairro Educandos, zona sul de Manaus.