Gerson Mourão é um dos nove especialistas do Brasil escolhidos para participar da definição de políticas públicas para o tema
FOTO: Divulgação/FCecon e Lucas Silva/Secom
O diretor-presidente da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), mastologista Gerson Mourão, é um dos nove especialistas do Brasil escolhidos para participar da definição de políticas públicas para o acesso a teste genético relacionado ao câncer de mama e ovário no Sistema Único de Saúde (SUS).
Gerson Mourão participa, nesta semana, em Brasília, do Brazilian Breast Cancer Symposium (BBCS) 2024, em português, Simpósio Brasileiro de Câncer de Mama, considerado o maior evento com atualização sobre o tema no país. A gerente do serviço de Mastologia da FCecon, Hilka Espírito Santo, também participa do evento.
Hereditário
Segundo Gerson Mourão, estudos mostram que 10% dos casos de câncer de mama são hereditários. Eles têm relação com gene BRCA 1 e 2, que também aumentam as chances de uma pessoa desenvolver câncer de ovário.
“Mulheres jovens, com o teste BRCA positivo, que vivem até os 80 anos de idade, têm 80% de chances de desenvolver o câncer de mama e de ovário, enquanto a população em geral tem 12% de chances. Foi avaliado o custo benefício e foi verificado que vale à pena o teste para o grupo que tem BRCA positivo”, explica Mourão.
FOTO: Divulgação/FCecon e Lucas Silva/Secom
Angelina Jolie
A discussão ganhou força em todo o mundo quando a atriz americana Angelina Jolie revelou, em um artigo na New York Times, em 2013, que tinha sido submetida a uma dupla mastectomia como medida redutora de risco, após ter descoberto que era portadora de uma variante patogênica no gene BRCA1, que aumenta o risco de câncer de mama e ovário.
Conforme Mourão, o grupo de especialistas vai discutir como as mulheres brasileiras poderão ter acesso ao teste no SUS. Em casos positivos, as mulheres poderão decidir se querem retirar as mamas, trompas e ovários ou se querem manter os órgãos.
“É um projeto a nível nacional que discutirá e definirá as políticas públicas para implantar o teste do BRCA no SUS. Os estados irão precisar ter apoio político e social para implementar esse projeto”, disse Gerson Mourão.
Além do mastologista do Amazonas, há outros oito profissionais que participarão do projeto, como oncologistas e geneticistas de todo o Brasil.
Amazonas
Amazonas, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal possuem legislação voltada para detecção e manejo de câncer de mama e ovários hereditários.
O Amazonas possui, desde 2021, a Lei nº 5.404, que assegura às mulheres com alto risco de desenvolver câncer de mama o acesso gratuito ao mapeamento genético. A implementação está em discussão.
Para ter acesso ao exame, segundo a lei, a paciente deve ter sido diagnosticada como de alto risco de desenvolvimento de câncer de mama, assim considerada aquela que apresentar histórico familiar de incidência da doença em sua mãe, irmã ou avó antes de atingirem 50 anos de idade.
As mulheres que apresentarem a mutação no gene BRCA, identificada pelo exame genético, poderão optar pela realização da cirurgia de mastectomia profilática e de reconstrução da mama através do SUS, conforme a lei.