A unidade, inédita no país, vai ampliar o olhar sobre Educação, Sustentabilidade e Tecnologia, levando conhecimento às comunidades ribeirinhas

FOTO: Alex Pazuello e Diego Peres/Secom

O governador Wilson Lima inaugurou, nesta terça-feira (16/07), a primeira unidade do projeto Escola da Floresta, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, em São Sebastião do Uatumã (a 247 quilômetros de Manaus). A Escola Estadual da Floresta (EEF) José Loureiro da Silva, primeira unidade do tipo no Brasil, recebeu investimentos aproximados de R$ 5 milhões e tem capacidade para 200 alunos, sendo 100 alunos em tempo integral e 100 no turno noturno.

“Essa é uma escola que foi pensada para preparar as crianças para enfrentarem a nova realidade das mudanças climáticas, entendendo a necessidade que a gente tem de preservar a floresta, mas também de preservar, sobretudo, o ser humano, fazendo com que ele tenha o conhecimento, mas que tenha também a oportunidade da geração de emprego e renda”, disse o governador.

O projeto Escola da Floresta integra o Programa “Educa+ Amazonas”, lançado pelo governador Wilson Lima em 2021. E tem como objetivo central transformar unidades de ensino em espaços de gestão democrática, de respeito à diversidade sociocultural, ampliando o olhar sobre a Educação Ambiental, Sustentabilidade e ensino tecnológico em comunidades ribeirinhas do interior do estado.

A iniciativa busca levar a essas localidades o acesso a novas tecnologias educacionais, alinhando esses conhecimentos às práticas sustentáveis, oferecendo oportunidade de educação de qualidade a crianças, jovens e adultos que vivem nas RDSs, ampliando o acesso à educação formal e fortalecendo o conhecimento tradicional dessas populações.

A inauguração contou com a presença de convidados, entre eles o deputado federal Silas Câmara, os deputados estaduais Abdala Fraxe, Mario César Filho e Joana Darc, e de secretários de Estado.

Primeira do país

A primeira unidade do programa, entregue nesta terça-feira, também é a primeira do tipo no Brasil, e está localizada na comunidade Bom Jesus do Angelim, dentro da RDS do Uatumã, onde moram mais de 20 famílias que vivem da agricultura sustentável.

O modelo pioneiro foi projetado para ter baixo impacto ambiental, contando com Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), painéis de captação de energia solar, sistema de captação de águas pluviais, uso de madeira de manejo florestal sustentável, sistema de ventilação natural, ampla acessibilidade, estilo modular e de fácil manutenção.

A estrutura da unidade de ensino conta com salas de aula, de leitura, salas multiuso e para os professores; além de refeitório, laboratório de robótica (Espaço Maker); alojamento para educadores e estudantes; banheiros e demais estruturas escolares, como secretaria, despensa, cozinha e depósito.

Projeto transformador

Professora há 33 anos e moradora de São Sebastião do Uatumã, Livane da Silva, 55, é a única da sua família que possui ensino superior completo e sabe a Importância da educação para mudar a vida das pessoas.

“Um sonho realizado. Tudo que nós precisávamos para os nossos alunos está aqui. Um prédio desse que tem tudo, uma estrutura boa, onde vai oferecer tudo de bom para os nossos alunos, tanto da nossa comunidade, como os alunos que vão vir para cá para essa escola”, destacou Livane.

“Esse foi o primeiro governo que olhou com carinho para o nosso ribeirinho e está olhando, não é só nesse projeto de escola”, acrescentou a professora, emocionada.

Além de oferecer matriz curricular e pedagógica de tempo integral específica, atendendo especificidades da Educação Escolar do Campo e a transversalidade da Educação Ambiental, a unidade também oferece Educação de Jovens e Adultos (EJA), no turno noturno.

A estudante Dália Cristina, 13, pontuou que a unidade representa um novo ciclo para toda a região. “Eu acho muito legal ele [o governador] ter pensado na Escola da Floresta, porque são poucas oportunidades para nós estudarmos. Tem gente que não conseguia estudar lá na cidade. Eu acho muito gratificante para mim, estudar aqui numa escola dessas”, declarou a aluna.

Ampliação

Ainda inseridas no Educa+ Amazonas, estão previstas outras duas unidades da Escola da Floresta: uma na Área de Proteção Ambiental (APA) Caverna do Maroaga, no município de Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros da capital); e outra na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu Purus, em Beruri (a 173 quilômetros de Manaus).

Outras cinco Escolas da Floresta também estão previstas para serem construídas dentro do Programa de Aceleração do Desenvolvimento da Educação no Amazonas (PADEAM II). As unidades serão instaladas em cinco unidades de conservação estaduais localizadas nos municípios de Canutama, Tapauá, Borba, Novo Aripuanã e Manicoré. Entre as quais, uma será escola flutuante em Tapauá.

O governador Wilson Lima também tem realizado articulações e parcerias nacionais e internacionais para ampliar o alcance do projeto. Como resultado, foi assinada, no dia 4 de março deste ano, uma carta de intenções, com representantes da empresa brasileira BR ARBO Gestão Florestal S.A. e da italiana GIBBI SRL, para implantar um projeto de manejo na região de Carauari (a 788 quilômetros de Manaus) e a doação de US$ 1,5 milhão para construção de uma nova unidade do projeto na região.

Patrono da escola

A Escola da Floresta, localizada na RDS do Uatumã, leva o nome de José Loureiro da Silva, ex-morador da comunidade Bom Jesus do Angelim. Na localidade, ele sempre contribuiu com atividades para o desenvolvimento das famílias, até o seu falecimento, em 6 de setembro de 2022. No ano seguinte, o terreno em que José morava foi doado pelos filhos para a construção da unidade escolar.

Promove

A inauguração da escola não beneficiou apenas os moradores da RDS onde ela está localizada. Por meio da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS), o Governo do Estado entregou, ainda, 234 móveis escolares confeccionados por quatro empresas moveleiras, credenciadas no Programa de Regionalização do Mobiliário Escolar das Escolas Estaduais da Floresta (Promove).

No total, foram confeccionadas quatro mesas redondas, 37 cadeiras de madeira, três bancos compridos, 120 carteiras escolares de madeira, 66 beliches de madeira e quatro estantes duplas.

FOTO: Alex Pazuello e Diego Peres/Secom

A ação beneficiou, de forma direta e indireta, uma média de 75 representantes familiares dos municípios de Manacapuru, Lábrea, Itacoatiara e Parintins. O Promove Escolas da Floresta oferece oportunidades para microempresas, MEI, pequenas empresas, associações e cooperativas de moveleiros do Amazonas.

Por meio do edital de credenciamento lançado no primeiro semestre de 2024, foram credenciadas 35 empresas moveleiras, de nove municípios, para confeccionar e fornecer móveis para o projeto.