Trabalho é desenvolvido em duas comunidades no Km 260 da BR-319
Mais de 4,9 mil filhotes de quelônios foram soltos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Igapó-Açu, Unidade de Conservação gerida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). O trabalho, realizado por pesquisadores e moradores da Reserva, devolveu 2.631 tracajás (Podocnemis unifilis) à natureza na sexta-feira (06/02), e mais 2.291 no sábado (07/02).
As solturas aconteceram entre os municípios de Beruri, Borba e Manicoré, no Km 260 da BR-319, área conhecida como “trecho do meio”. Na sexta-feira, os tracajás foram soltos na comunidade Nova Geração. No sábado, ocorreu a soltura na comunidade vizinha, São Sebastião do Igapó-Açu.
“É necessário parabenizar a comunidade. Esse projeto poderia ter 100 parceiros, mas sem o envolvimento das comunidades, das crianças, que tem uma boa participação no projeto, não teria o sucesso que está tendo, nem hoje, nem nos últimos 15 anos”, afirmou Cristiano Gonçalves, gestor da RDS Igapó-Açu.
O trabalho na região é uma parceria entre Sema, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), por meio do Consórcio Concremat/Hollus, Projeto Pé-de-Pincha, Instituto Acariquara e Instituto Claro.
Pé-de-Pincha
A metodologia utilizada no processo de coleta e soltura foi desenvolvida pelo Projeto Pé-de-Pincha, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que atua em 180 comunidades no estado, há mais de 25 anos.
Completando 15 anos de trabalho na RDS Igapó-Açu, o trabalho consolidado é exemplo para outras Unidades de Conservação ao longo da estrada. Paulo Andrade, professor e coordenador do Projeto, relembra o início.
“Na primeira soltura da RDS Igapó-Açu, a antiga gestora da Reserva avisou os comunitários da Terra Indígena Mamori, e veio um casal. Eles gostaram tanto do trabalho que levaram a ideia para lá. Dentro do Mamori foi se espalhando, pegando por toda a estrada, e assim está indo o projeto”, contou.
A soltura de quelônios não apenas ajuda a proteger espécies ameaçadas, mas também contribui para a manutenção da saúde dos rios e da biodiversidade local. As tartarugas e tracajás contribuem com as populações de outras espécies, além de transformar proteína animal em matéria orgânica, participando da ciclagem de nutrientes e da limpeza dos rios.
“A população aumentou muito nesses últimos 15 anos. A semente do Pé-de-Pincha foi aqui, e daí se espalhou para outras áreas da BR. Tivemos muito apoio da gestão da RDS. Essa parceria forte que tivemos, Sema, Embratel, que hoje é a Claro, permitiu isso. E também os comunitários, porque se eles não tivessem topado no começo, nada tinha acontecido”, declarou o professor.
Áreas Protegidas
A atividade recebe apoio financeiro do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), que é uma iniciativa conjunta patrocinada por agências governamentais e não governamentais para expandir a proteção da floresta amazônica. Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, tem o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) como gestor e executor financeiro. No Amazonas, é executado por meio da Sema, em 24 Unidades de Conservação do Estado.