A Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma, situada no município Novo Aripuanã (distante 227 quilômetros de Manaus), está na última fase do monitoramento da biodiversidade de suas trilhas amostrais. A atividade será realizada até o dia 4 de outubro, com o objetivo de catalogar plantas lenhosas (que são capazes de produzir madeira), borboletas, mamíferos e aves.
“O monitoramento da biodiversidade das trilhas amostrais é um processo anual, onde realizamos um conjunto de atividades que permite avaliar a resposta de um ecossistema e os impactos de fatores externos, como perda de habitat, alterações da paisagem, suplantação de espécies e mudanças climáticas”, explica Erfrany Leal, gestor da RDS do Juma.
A ação faz parte do Programa de Monitoramento da Biodiversidade e do Uso Sustentável de Recursos Naturais (Probuc), da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema).
As informações coletadas durante o monitoramento vão para o banco de dados da Sema, para acompanhamento de como está a biodiversidade da região.
Trilhas de monitoramento
Na RDS do Juma, estão sendo monitoradas três trilhas de amostragem em regiões do rio Aripuanã. Cada trilha tem em média cinco quilômetros de comprimento e, no máximo, um metro de largura.
Pré-amostragem
O processo de monitoramento começou no período de 23 a 26 de agosto, com a limpeza das trilhas, quando os monitores eliminaram árvores caídas em decorrência das chuvas, e instalaram armadilhas de borboletas.
Após este processo, os monitores deixam a floresta “descansar” por um período de dois a três dias, para que os animais voltem às atividades normais. Nesta fase, os monitores não entram na floresta.
Monitoramento
Depois deste preparo é que se inicia, de fato, o monitoramento da biodiversidade, em que os monitores fazem a avistagem e catalogação das espécies.
A primeira expedição ocorreu de 29 de agosto a 5 de setembro, com a catalogação de borboletas, mamíferos e aves. Atualmente, o grupo está na segunda expedição, que ocorre de 22 de setembro a 4 de outubro, com a inclusão das lenhosas entre os catalogados.
O monitoramento de borboletas, mamíferos e aves é anual. Já o de lenhosas, acontece a cada cinco anos.
Cada comunidade possui um catálogo de animais já avistados. Por meio de formulário, os comunitários identificam esses animais ou registram novas espécies, analisando também a quantidade observada.
Protagonismo comunitário
Com o objetivo de gerar fonte de renda para os ribeirinhos, a Sema, por meio do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), capacita e remunera os moradores da RDS para que realizem a atividade.
Ao todo, foram capacitados nove comunitários para atuar como monitores ambientais nesta ação. Eles pertencem a sete comunidades da RDS do Juma.
Biodiversidade
A região do baixo rio Aripuanã, que drena a RDS do Juma, é considerada um dos locais mais interessantes da Amazônia, do ponto de vista da conservação da biodiversidade. De altíssima prioridade para a conservação, especialmente aves e mamíferos, devido à elevada riqueza de espécies, registros de táxons novos para a ciência, padrões de endemismos em margens opostas do rio e presença de uma formação vegetal única e extensa de campinas.
Cerca de 242 espécies vegetais já foram identificadas na área. Entre os mamíferos, ocorrem até 21 espécies de micos, saguis e macacos, o que representa a maior diversidade de primatas de todo o planeta. Pelo menos três espécies novas de peixes, sendo duas do rio Mariepaua, foram encontradas. Mais de um terço de toda a avifauna brasileira encontra-se na região, cerca de 400 espécies já foram registradas e estima-se que esse número suba para aproximadamente 600 espécies.