Quinze reeducandas da Penitenciária Feminina de Manaus (PFM) se preparam para uma vida de independência financeira fora do cárcere, estudando e se profissionalizando enquanto cumprem suas penas. No curso de “Confeitaria de Doces e Salgados”, com carga de 200 horas, elas aprendem ensinamentos desde a preparação de bolos artísticos a técnicas de doces finos.
A capacitação profissional é parte do programa de ressocialização “Trabalhando a Liberdade”, da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), e está sendo realizada em parceria com o Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam), por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
A peruana Graciana (nome fictício), 27, custodiada há mais de três anos, faz planos de montar um negócio próprio. “Esse é meu primeiro contato com a confeitaria e eu quero pôr em prática lá fora até conseguir um emprego ou, quem sabe, futuramente, montar um restaurante. Esse é meu pensamento e meu sonho”, almeja a interna.
Nesse ponto, a professora do Cetam, Elciane Meireles, declara estar dando seu melhor para contribuir com o anseio das alunas. “Esse curso é muito importante para elas, pois estou ensinando técnicas profissionais mesmo, todo o conhecimento que adquiri durante os meus 10 anos de profissão. Lá fora elas poderão ter uma renda própria, trabalhando dentro de casa, como eu também trabalhava antes de estar aqui ensinando”, disse a instrutora.
Conhecimento e oportunidade – Norma Mendes (nome fictício), há mais de um ano na unidade prisional, já está no seu quarto curso profissionalizante e admitiu já ter perdido muitas oportunidades de trabalho em panificadoras quando estava livre, por não ter o conhecimento e a experiência necessários para o cargo.
“Eu não sabia fazer um bolo sequer, e confeitaria é uma profissão que abre muitas portas. Eu perdi muitas oportunidades de trabalhar em padaria por não saber fazer nada”. Mas de todos os cursos que Norma fez, o que ela afirma ter mais gostado foi o de música, no qual aprendeu a tocar flauta.
“Eu aprendi a tocar flauta aqui dentro e me apaixonei, na verdade todas as meninas, quando ouvem a gente tocar, ficam encantadas querendo aprender também. A gente costuma tocar as músicas do Raízes Caboclas, e meu sonho é tocar um dia dentro do Teatro Amazonas. Nada é impossível”, considerou.
Melhoria – As detentas da PFM, que tem 100% das internas em projetos de ressocialização, também observam que os estudos e os trabalhos têm melhorado bastante suas vidas dentro do cárcere, uma vez que trazem ocupação e elas não precisam mais ficar o dia inteiro trancadas e só sair para um banho de sol ao dia.