Agências de migração e refugiados também tiveram papel fundamental em desfecho

Fotos: Lincoln Ferreira/Sejusc

Há mais de 14 mil quilômetros de casa, o indiano Shilehs Patel, de 40 anos, hoje deu adeus ao Brasil. Ele chegou ao Amazonas em março, sob risco de contrabando de pessoas e encontrou no Governo do Estado o apoio que precisava para tratar o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e, contactar a Embaixada da Índia e as agências de apoio ao migrante para voltar a Ahmedabad, sua cidade natal.

A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) foi acionada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) após identificarem que o homem internado no Hospital Dr. João Lúcio era migrante e precisava do amparo da Secretaria Executiva de Direitos Humanos (SEDH).

O caso é investigado, com a suspeita de que ele tenha sido abandonado pelo grupo em Manaus, após ser acometido pelo AVC. Devido às sequelas, o destino ao qual ele pretendia chegar não foi identificado. A Embaixada da Índia, em Brasília, conseguiu contato com a família de Patel – que já não tinha esperança de revê-lo – e custeou as passagens do compatriota.

Gabriella Campezatto, secretária de Direitos Humanos, explica que a Sejusc tem em seu escopo a Gerência de Migração, Refúgio e Enfrentamento ao Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas, que atua no auxílio migrante e refugiado junto às embaixadas e agências de migrantes.

“A Sejusc atua de diversos meios, tanto com pessoas que entram de forma ilegal e estão em estado de vulnerabilidade, quanto com aquelas que buscam o auxílio no Brasil, buscando regularizar essas pessoas em nosso território. Nós buscamos manter esses laços tanto com as agências da ONU como com as embaixadas, para que a gente possa ofertar e garantir esses direitos dos migrantes e refugiados”, frisa Campezatto.

As equipes da Sejusc, da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e da SES acompanharam o embarque de Patel e Rajesh Rupani – empresário indiano que vai acompanhá-lo na viagem, pois Patel está em vulnerabilidade. Cláudia Melo, coordenadora do serviço social do Hospital Dr. João Lúcio se emocionou ao relembrar o que a equipe da unidade se dedicou para ajudar o paciente.

“Usamos o google tradutor e na maioria das vezes conseguimos firmar esse contato, mas ele teve hemiplegia direita, devido ao AVC e ficou com limitação de mobilidade. Hoje, a sensação é de dever cumprido, fortalecimento, aprendizado, principalmente com a equipe da Sejusc, a qual sou grata, e daqui para frente, se surgirem outras demandas, será tudo mais fácil”, afirma a assistente social.

Nova vida

Mesmo passando por tantas dificuldades, Shilehs Patel estava encantado com o Amazonas, sobretudo pela hospitalidade. Com a ajuda de Rajesh Rupani, ele contou que ganhou doações e queria levar tudo consigo, pois acredita que em qualquer outro lugar não seria tão bem tratado.

“Ele diz que está muito satisfeito, e que vai voltar para casa muito emocionado e grato a esse país. E, que o Brasil é muito bom e está muito emocionado porque fizeram tudo o que puderam para dar o melhor. A embaixada já fez muito e ainda o fará chegar ao seu destino final. Ele está dizendo muito obrigado ao Brasil”, traduziu Rajesh.

De Manaus, o voo segue para São Paulo, depois para o Catar, até chegar a Ahmedabad, na Índia, onde a família do indiano o espera. Gabriella Campezatto comemora que o resultado do trabalho tenha sido o retorno de Patel, e diz que a Sejusc seguirá em contato.

“O trabalho não acaba aqui no embarque, pois ainda estamos em contato com a Embaixada da Índia para que ele tenha garantidos seus direitos, visto que ele precisa de cuidados, e continuidade do atendimento que recebeu aqui”, finaliza.