Moveleiros utilizam como matéria-prima madeira oriunda dos Planos de Manejo Florestais

FOTOS: Antonio Lima/Secom e Arthur Castro/Secom

Em todo o Amazonas, mais de mil moveleiros, que fazem parte do Programa de Regionalização de Mobiliário Escolar (Promove), cumprem uma função que vai além da construção de móveis para as escolas da rede estadual de ensino. O diferencial começa na matéria-prima, que é madeira oriunda dos Planos de Manejo Florestais. A partir disso, a consciência ambiental e a relação com a natureza se misturam com o trabalho.

O Promove integra as políticas públicas do Governo do Estado para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental, por meio da Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS).

Dono de uma movelaria na zona oeste de Manaus, José Gomes fala sobre o trabalho e também sobre a relação com a natureza, construída na infância. Ele garante o sustento da casa por meio do Promove.

Empolgado, o moveleiro conta um pouco da rotina de produzir móveis escolares, mas também faz questão de mostrar as árvores que plantou ao redor da movelaria. A boa relação com a natureza foi construída desde criança.

“Quem vem do interior tem essa relação muito forte. Eu defendo que a madeira além de ser legalizada, tem que ser plantada”, disse.

No meio da pandemia, José Gomes, nascido às margens do Rio Purus, decidiu contar a história da sua família de seringueiros, que protegia a floresta. A ideia também era mostrar como o ser humano, na condição de morador da região amazônica, é capaz de retribuir os meios de sustento fornecidos pela natureza.

“A minha família é tradicionalmente do seringal. Eu nasci e vivi lá também. Foi então que resolvi escrever um livro para mostrar como era o trabalho no local e como ainda é possível preservar e produzir ao mesmo tempo”, falou o moveleiro.

Esse mesmo respeito pela natureza faz parte da rotina de um outro José, mais conhecido como José Tenório. Morador do município de Manacapuru que, aos 71 anos, ainda mantém a movelaria funcionando a todo vapor e, desde 2007, produz armários e lousas para as escolas da rede estadual.

“No começo, a gente trabalhava usando muita madeira. Os móveis eram feitos praticamente com 70% só de madeira. Aos poucos, vendo a preocupação dos órgãos ambientais com a natureza, fomos fazendo outros modelos de móveis. O pouco de madeira que utilizamos hoje vem de reservas legalizadas e documentadas”, disse.

Acompanhado da esposa, filho e dos funcionários da movelaria, seu José ressalta que ainda é muito difícil para as gerações antigas perceberem o valor de preservar o meio ambiente, mas se mantém otimista para o futuro.

“A gente tem feito o máximo que a gente pode para trabalhar de maneira sustentável. É um legado muito importante, porque esperamos que as pessoas vejam o exemplo da nossa empresa e queiram seguir para preservar a natureza, porque vem aí as próximas gerações. Degradar a natureza jamais, preservar sempre”, concluiu.