Professoras, pedagogas, gestoras, merendeiras e auxiliares de serviços gerais se dedicam a humanizar o processo de ensino-aprendizagem na rede estadual

Foto: Arquivo pessoal / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar

Elas estão presentes diariamente na vida escolar dos alunos. No Amazonas, 18.659 mulheres assumem a missão de transformar a educação na rede pública estadual de ensino, o que representa 62% do total de servidores da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar. Neste dia 8 de março, são compartilhadas as vivências delas, que contribuem para o desenvolvimento social e para o combate a desigualdades, por meio da educação.

Na capital e no interior, professoras, pedagogas, gestoras, manipuladoras de alimentos e auxiliares de serviços gerais celebram trajetórias de amor e cuidado pela educação. Docente há três anos, Silmara Branco, 35, é uma delas.

Licenciada em Matemática pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a professora ministra aulas para alunos das escolas estaduais Padre Luiz Ruas, no bairro Zumbi dos Palmares, e Dr. Isaac Sverner, no São José Operário, ambas na zona leste de Manaus. Ela destaca a importância de trabalhar iniciativas de inclusão social.

“Eu tenho uma relação muito próxima com meus alunos. Eu dou minhas aulas, passo todo o conteúdo, mas sempre tem aquele tempo que eles querem conversar, inclusive nas redes sociais”, disse Silmara.

“Sinto que eu faço a diferença porque sempre busco levar para eles projetos em que eles vejam que a educação é o único meio deles mudarem de vida”, acrescentou a professora.

Foto: Arquivo pessoal / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar

Sonho de infância

Para Edzélia da Silva Moreira, 45, o ato de lecionar era um sonho de infância. Há mais de 15 anos, a professora ministra aulas de Língua Portuguesa e Literatura na Escola Estadual Nossa Senhora de Nazaré, em Manacapuru (a 68 quilômetros de Manaus).

“É a história de uma menina que ficava na frente do espelho querendo ser a professora, se arrumava e dava aula para as outras crianças. Também sempre fui envolvida com aulas de catequese. Queria ser catequista e foi nascendo essa vontade de querer lecionar”, disse Edzélia Moreira.

Na trajetória profissional, Edzélia trabalhou em outras áreas, mas foi na educação que encontrou a oportunidade de chegar mais perto da comunidade e transformar a realidade dos moradores. A professora se formou em Letras pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), após descobrir a paixão pela área ainda na época da escola.

“Na escola, eu admirava muito meus professores. Tinha um professor de Literatura que adentrava à sala de aula lendo poesia e aquilo me encantava. Sempre tive vontade de ajudar as pessoas a aprender, a crescer, e decidi que queria ser professora. Essa, realmente, foi uma vocação”, disse Edzélia.

Mas o cuidado na construção do espaço de aprendizagem saudável é de responsabilidade de todo o corpo escolar. Em Itacoatiara (a 176 quilômetros de Manaus), o destaque vai para a manipuladora de alimentos Maria Auxiliadora Souza de Brito, 60, da Escola Estadual José Carlos Martins Mestrinho. Há 18 anos, dona Auxiliadora, como é carinhosamente chamada pelos alunos, tem a escola como a segunda casa.

“Além de usar o bom senso, uso também um pouco de humor, com muito respeito. Os trato muito bem, pois eles são minha mão de obra. Procuro dar o meu melhor naquilo que faço e faço o melhor na alimentação escolar, pois muitos têm apenas essa refeição diária”, disse a manipuladora de alimentos.

É desse mesmo sentimento que compartilha a gestora Roseane Vargas, da Escola Estadual Roderick Castelo Branco, no bairro São José Operário, na zona leste da capital. Roseane conta que começou a trilhar o caminho profissional da educação aos 14 anos.

“Comecei a dar aula de reforço nas salas da minha igreja. Daí, nunca mais parei. Fiz pedagogia na Ufam. Passei pela sala de aula, coordenação pedagógica, até chegar à direção de escola. Foi um grande aprendizado”, disse a gestora, que trabalha há 11 anos na rede estadual de ensino do Amazonas e adotou na escola o lema “Todos na Universidade”, com o objetivo de fomentar o interesse dos alunos pela formação acadêmica de qualidade.

“Ao longo desses 11 anos, temos contribuído para a entrada de dezenas de alunos na universidade. Nossas aprovações passam pelas Licenciaturas, Engenharias e até mesmo Medicina”, acrescentou Roseane.

Olhar maternal

Foto: Arquivo pessoal / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar

É na escola onde ocorrem os primeiros contatos sociais dos alunos. É um lugar de convivência afetiva e acolhedora. Por isso, o olhar maternal nesse ambiente pode fazer a diferença.

“A importância das mulheres na educação é sempre trazer aquele olhar mais humanizado, aquele olhar de analisar os alunos, ver por quais problemas eles estão passando”, disse a professora Silmara Branco.

“As mulheres têm a capacidade de se colocar no lugar do outro e sentir a dor, os momentos tristes e alegres. E, assim, como mulheres, também temos o carinho de mãe”, disse a merendeira Maria Auxiliadora.

Incentivo e inspiração

Para além da sala de aula, as mulheres que atuam na Educação do Amazonas desejam que os estudantes deixem o ambiente escolar mobilizados para transformar o futuro, por meio da ciência, na academia ou no mercado de trabalho.

“O papel das mulheres na educação é de extrema importância para uma educação mais empática e respeitando as necessidades e especificidades de cada indivíduo”, disse Carlen Maresa dos Santos Leal, secretária da Escola Estadual Frei Mário Monacelli, na zona norte de Manaus.

“É importante o trabalho da mulher nos projetos científicos. Através da educação, da dedicação da mulher, vai mudando a vida dos alunos e da comunidade escolar como um todo”, disse Silmara Branco.

A presença da mulher na educação transforma diferentes contextos. Em Parintins (a 369 quilômetros da capital), a professora Verena Alfaia, que trabalha na Educação Especial, destaca a importância do protagonismo feminino nessa modalidade de ensino e os resultados positivos já obtidos na área.

“Nós mulheres, transformamos todo o espaço e o contexto em que nós estamos inseridas. Antes, as mulheres eram vistas como aquelas que apenas observam, que avaliam tudo por meio de um olhar emocional. A ciência veio aí para transformar essa percepção que muitos tinham a nosso respeito. Hoje, a mulher passou a ter mais visibilidade, reconhecimento, respeito e valorização”, contou Verena.

Para Amarilis Barroso dos Santos, gestora da Escola Estadual Engenheiro Professor Sérgio Alfredo Pessoa Figueiredo, no bairro Jorge Teixeira, zona leste de Manaus, o trabalho das mulheres na rede estadual de ensino contribui para a qualidade da educação pública.

“Sempre estudei e trabalhei em escola pública porque acredito que pode ser diferente, quando há envolvimento e engajamento de todos. Acredito que fazemos a diferença porque temos o compromisso em fazer e dar o nosso melhor com o melhor que nós temos”, disse Amarillis.