Estudo possibilitou avanços significativos na identificação de quais são as ameaças biológicas para a espécie
A distribuição geográfica do sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), o aprofundamento do conhecimento sanitário da espécie e a interação com o sauim-de-mãos-douradas (Saguinus midas) foram analisadas por pesquisadores, por meio do projeto “Limites entre Saguinus bicolor e Saguinus midas: monitoramento da distribuição geográfica, saúde e hibridização em zonas de contato”, coordenado pelo doutor em Zoologia, Marcelo Gordo, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam)
O estudo possibilitou avanços significativos na identificação de quais são as ameaças biológicas para os sauim-de-coleira. No panorama sanitário das patologias que podem acometer a espécie estão os riscos causados por parasitas gastrointestinais, malária, filária e vírus em geral.
Outro ponto identificado pela pesquisa foi a ocorrência do sauim-de-coleira nos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara. “Pudemos atualizar o mapa de distribuição de S. bicolor, ampliando um pouco os limites da distribuição em relação ao que se conhecia, verificando alguns padrões de distribuição ao longo do rio Urubu, conseguimos modelar o potencial de adequabilidade de nicho para ambas as espécies”, destacou.
Segundo Marcelo Gordo, as informações obtidas durante a pesquisa, em relação à espécie de sauim endêmica da Amazônia Central e ameaçada de extinção, ampliam a base de conhecimento e conduzem direta e indiretamente, ações eficientes de preservação ambiental, que buscam proteger a fauna da maior floresta tropical do planeta.
“Fizemos avanços no conhecimento básico sobre as espécies, fundamentais para embasar qualquer ação direta de conservação do sauim-de-coleira. O conhecimento mais aprofundado sobre questões sanitárias e ambientais ligado a essas espécies pode trazer informações relevantes sobre a saúde ambiental onde os seres humanos também estão inseridos”, salientou.
O pesquisador ressalta que o desmatamento e a fragmentação do hábitat (com seus desdobramentos) são as maiores ameaças ao sauim-de-coleira, entretanto, o avanço do sauim-de-mãos-douradas sobre a área do sauim-de-coleira, apesar de possivelmente ser um fator natural, também foi levantado pelo grupo de pesquisadores como algo preocupante para a conservação da espécie.
Processo
Para a pesquisa foram abertas diversas trilhas na mata, em regiões limítrofes entre as duas espécies, no qual foi possível realizar censos e instalar armadilhas fotográficas para registrar as espécies, e ter uma ideia de como está a ocupação das áreas por cada uma delas. Além do uso das trilhas, também foram realizadas diversas amostragens em propriedades rurais e ao longo de estradas e ramais.
O projeto foi realizado com a participação de pesquisadores da Ufam, da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) e da Fundação Oswaldo Cruz – Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz). Também integraram o projeto, profissionais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Centro de Instrução de Guerra na Selva (Zoo CIGS), além da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da University of Texas Medical Branch.
Universal Amazonas
O projeto é apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) via Programa de Apoio à Pesquisa–Universal Amazonas, edital Nº 006/2019.
O Universal apoia atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, em todas as áreas do conhecimento, que contribuam para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do estado.