Três cientistas apresentaram soluções tecnológicas, que vão desde a coleta de informações de fluxos migratórios de peixes da bacia amazônica, por meio de aplicativos, até equipamentos para monitoramento da emissão de gases estufa sobre a floresta, além de sistema de laser em estudos ecológicos. A apresentação ocorreu durante o segundo painel da Semana de Ciência e Tecnologia do Amazonas, realizado nesta terça-feira (24), em formato webinário, com transmissão pelo canal da Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação no Youtube (Sedecti Amazonas).
O tema do painel “Monitoramento ambiental: Tecnologias inovadoras aplicadas à conservação da Amazônia” foi o eixo das apresentações das pesquisadoras Gina Leite, oficial da Wildlife Conservation Society (WCS); Sabrina Garcia, do Programa AmazonFACE; e Juliana Schietti da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O painel foi mediado por Jonas Soares, que é coordenador de Popularização e Difusão da Ciência da Sedecti.
O aplicativo Ictio, para celular e web, vem auxiliando os grupos da Rede Ciência Cidadã para a Amazônia, que reúne associações de pescadores, cientistas e comunidades tradicionais na coleta de dados de peixes da bacia amazônica, incluindo regiões da Bolívia, Peru e Colômbia. Essas informações são vitais, explicou Gina Leite, porque a pesca é um dos principais recursos ambientais da região amazônica.
“Isso diz respeito à segurança alimentar, à sobrevivência dos povos tradicionais, acerca de 20 milhões de pessoas que vivem nessa região”, observou a pesquisadora. Até setembro deste ano, 240 tinham compartilhado 20 mil listas de dados coletados pelo aplicativo Ictio. As dificuldades são, além da logística, a falta de conectividade na região, destacou Gina Leite.
Sistema de monitoramento de árvores – Até que ponto a floresta amazônica pode assimilar a emissão crescente de gases estufa? Essa é a questão que o sistema de monitoramento de árvores de sub-bosque frente ao aumento da concentração de CO² atmosférico na Amazônia Central – um equipamento em forma de cone instalado em pontos da floresta -, pretende responder.
“Queremos saber qual a resposta de um ambiente complexo como a floresta, diante das variações climáticas. É a primeira vez que essa experiência é realizada na região”, disse a segunda palestrante, Sabrina Garcia.
Sensoriamento remoto – A tecnologia de sensoriamento remoto por meio de sistema de laser (Lidar) para estudos ecológicos foi o tema da palestra de Juliana Schietti da Ufam. Entre outras informações, esse sistema permite o mapeamento de estrutura de vegetação da região, com detalhamento da altura das árvores que podem, em alguns casos, alcançar a marca de 40 a 50 metros.
“Esse dado é importante porque quanto maior a árvore, maior é o sequestro de carbono, vital para mitigar os danos causados por mudanças climáticas”, destacou Juliana.
Os desafios, segundo as pesquisadoras, são a promoção de políticas que permitam a melhoria do acesso à internet, linhas de financiamentos e articulação com organismos internacionais ou locais para o fortalecimento da pesquisa voltada para o desenvolvimento tecnológico.
Semana de Ciência e Tecnologia do Amazonas – A SCT do Amazonas 2020 faz parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia que, este ano, tem como tema “Inteligência Artificial: A nova fronteira da ciência brasileira”.
No Amazonas, o evento é promovido pela Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) da Sedecti. O primeiro painel ocorreu no último dia 19 de novembro de 2020 e teve como tema “Bioeconomia Digital: O papel da tecnologia no desenvolvimento de uma economia sustentável para o Amazonas”.
Encerramento – O encerramento da SCT do Amazonas será nesta quinta-feira (26/11), com a realização do terceiro e último painel que abordará o tema: “Conectividade digital: Inovações tecnológicas como alternativas para potencializar o alcance da internet em regiões remotas do Amazonas”. O webinário também está programado para às 16h.