Obras são resultados de 13 anos de pesquisa e propõem debates sobre interculturalidade, práticas pedagógicas e Educação Física

A educação escolar indígena foi tema de dois livros lançados, nesta terça-feira (14/03), pela professora dra. Maria Rosângela Negreiros. Com as obras “Educação Física Intercultural” e “Educação – O Simbolismo da Etnocultura Física no Cotidiano Antropo-Sócio-Educacional Curricular do Professor Sateré-Mawé”, a autora propõe um debate sobre interculturalidade, práticas pedagógicas e Educação Física. O lançamento ocorreu no auditório do Centro de Formação Profissional Padre José Anchieta (Cepan).

Os livros são resultado de 13 anos de pesquisas em campo realizadas pela autora. Maria Rosângela, que também integra a Gerência de Educação Escolar Indígena da Secretaria de Estado de Educação e Desporto, comentou sobre a importância de conhecer a diversidade étnica da região norte.

“Conhecer a diversidade é essencial porque, só assim, é possível sistematizar a prática. A educação escolar indígena é um mundo étnico e todos nós, educadores, precisamos urgentemente saber os questionamentos para essa necessidade”.

Sobre as obras

Pesquisa utilizada na tese de doutorado da autora, o livro “Educação – O Simbolismo da Etnocultura Física no Cotidiano Antropo-Sócio-Educacional Curricular do Professor Sateré-Mawé” apresenta um novo conceito, o de etnocultura física. De acordo com a docente, o mesmo significa a expressão do corpo étnico para a Educação Física.

Já o livro “Educação Física Intercultural” vem com um passo a passo de práticas pedagógicas sistematizadas. O objetivo do material é compor o Projeto Político-Pedagógico Indígena (PPI), que norteia a forma de trabalho da educação escolar indígena. O PPI segue em construção no Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena (Ceei – AM).

Representatividade

Também presente na cerimônia de lançamento, o representante do Ceei-AM, Jesiel Santos, da etnia Sateré-Mawé, elogiou a metodologia de pesquisa utilizada pela autora.

“É muito importante que em trabalhos como esses, os povos indígenas sejam realmente ouvidos, como aconteceu. O olhar de alguém externo pode não revelar tudo, mas esse diálogo, esse debate, é o melhor caminho. Não basta apenas falar e não ouvir. Isso tem que estar bem estabelecido nesse processo de construção de conhecimento”.

No âmbito estadual, a Secretaria de Educação e Desporto atende, de maneira específica, cerca de 12 mil estudantes indígenas, representados por mais de 50 etnias distintas, em 30 municípios do Amazonas.