RDS do Uatumã tem movelaria licenciada para impulsionar manejo florestal comunitário
Manejo florestal é uma atividade econômica oposta ao desmatamento – FOTO: Divulgação/Sema

O manejo florestal comunitário e familiar passou de desejo a realidade na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã. Uma movelaria administrada por moradores da RDS foi licenciada, nesta semana, para impulsionar a execução do primeiro plano de manejo comunitário da Unidade de Conservação (UC). Ao todo, 30 famílias serão beneficiadas.

Manejo florestal é uma atividade econômica oposta ao desmatamento, que prevê o uso racional e ambientalmente adequado dos recursos da floresta, possibilitando a manutenção da estrutura florestal e a sua plena recuperação, por meio do estoque de plantas remanescentes.

Na categoria “comunitário”, o manejo florestal é realizado pelos próprios moradores de uma ou mais comunidades, que acertam os interesses em comum e dividem as tarefas e os ganhos entre todos. É o que explica o secretário de Estado do Meio Ambiente, Eduardo Taveira.

“Com a floresta em pé, a renda familiar daquela comunidade que adotou a um plano de manejo comunitário passa a ser contínua. Desta forma, a floresta é mantida e passa a melhorar a qualidade de vida daquelas pessoas, em especial das populações tradicionais e ribeirinhas que vivem nos rincões do nosso estado, sendo determinante para o combate à pobreza nessas localidades”, explicou.

Será o primeiro plano de manejo comunitário da Unidade de Conservação (UC) – FOTO: Divulgação/Sema

A movelaria recém-licenciada fica na Comunidade São Francisco do Cabiri,  situada na porção da UC Estadual pertencente ao município de Itapiranga (a 227 quilômetros de Manaus). O empreendimento é o primeiro de base comunitária a operar o plano de manejo coletivo, que foi proposto pela Associação Agroextrativista das Comunidades da RDS do Uatumã e aprovado pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) em 2020.

Segundo o gestor da área protegida, Cristiano Gonçalves, a movelaria irá operar no intuito de potencializar a produção proveniente do plano de manejo comunitário. Agora, a produção sustentável deve ganhar força também nas sedes dos municípios de Itapiranga, São Sebastião do Uatumã e na capital Manaus.

“Uma parte da madeira manejada já era vendida e comercializada para uma empresa de São Paulo. Agora, a movelaria dentro da comunidade, como um empreendimento comunitário, vem para agregar ainda mais valor a essa madeira obtida pelo plano de manejo, fazendo com que eles possam produzir móveis e expandir ainda mais o mercado”, pontuou.

Expandir também a renda da Elisângela Cavalcante, moradora da RDS do Uatumã e manejadora florestal. “O manejo florestal vai ajudar muito nosso povo ribeirinho, proporcionando uma geração de renda interna, de modo que eu não preciso sair da minha comunidade para buscar uma renda melhor em outro lugar. Além disso, esse manejo, sendo de pequeno impacto, já me dá orgulho de fazer parte. Movelaria e manejo são sonhos sendo realizados, realidades sendo mudadas e esperança renovada”, comemorou.

O sonho de Elisângela é compartilhado com o manejador Gracilázaro Rodrigues Miranda. “Eu sou filho de Itacoatiara, mas ‘me enfiei’ dentro da RDS do Uatumã em 1972. Hoje eu tenho orgulho de ser um morador dessa reserva e de fazer parte do manejo florestal. Para mim é muito gratificante, pois esperamos isso por muito tempo e hoje está dando certo. Acredito que vai melhorar a vida do ribeirinho”, completou.

Apoio a cadeias produtivas sustentáveis

O manejo florestal comunitário na RDS do Uatumã é viabilizado por meio do Projeto Cidades Florestais, desenvolvido desde 2018 pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), com apoio do Fundo Amazônia.

O projeto realizou a aquisição de novos equipamentos e maquinários para a atividade florestal, além da instalação de uma Rede de Óleos da Amazônia, incluindo a construção de duas novas miniusinas de extração de óleos vegetais, com apoio estrutural e gerencial a outras três usinas já existentes.

Atualmente, 13 organizações sociais participam ativamente das ações do Projeto, que tem como objetivo promover a economia florestal de municípios do interior do Amazonas, por meio do fomento a cadeias produtivas florestais, madeireiras e de óleos vegetais.