Na pesquisa, a formulação tem se mostrado uma fonte alternativa promissora para a produção de biocombustível

Neste contexto, uma pesquisa, ainda em andamento, analisa o reaproveitamento de resíduos da cadeia produtiva do guaraná. FOTOS: Leiliane Souza/Acervo da pesquisadora

A busca por equivalência energética de combustíveis alternativos desperta crescente interesse econômico e ambiental, diante da redução de impactos negativos desses produtos, se comparados aos combustíveis fósseis. Dentre os chamados biocombustíveis, o etanol destaca-se por ter uma variedade de matérias-primas (açucaradas, amiláceas e lignocelulósicas) importantes no seu processo bioquímico.

Neste contexto, uma pesquisa, ainda em andamento, analisa o reaproveitamento de resíduos da cadeia produtiva do guaraná (Paullinia cupana) para a produção de bioetanol.

De acordo com a coordenadora do estudo, doutora em Engenharia de Recursos Naturais, Leiliane do Socorro Sodré de Souza, a formulação obtida a partir da biomassa lignocelulósica proveniente, principalmente de resíduos agroindustriais, tem se mostrado uma fonte alternativa promissora para a produção de biocombustível, evitando a competição com alimentos além de reduzir a poluição ambiental, haja vista que, na maioria das vezes esses materiais são descartados sem tratamento.

“Até o momento já foram realizadas as caracterizações da semente residual ou esgotada. Nessa fase foi possível conhecer o teor do substrato de interesse para a produção de etanol, a celulose, e características da matéria-prima que implicam na necessidade de um pré-tratamento, como o percentual de lignina, visando à obtenção de açúcares para a posterior produção de etanol”, disse Leiliane Souza.

“Outras características importantes também foram avaliadas em porções diferentes do fruto, como casca e casquilho, buscando também a geração de bioprodutos”, acrescentou.

Para o estudo serão utilizadas enzimas do tipo de celulose para a quebra do material lignocelulósico presente no resíduo. A técnica permite realizar o processo em condições mais brandas, por exemplo, na hidrólise ácida a temperatura de trabalho é em média de 120ºC, já na hidrólise enzimática é possível realizar o mesmo processo a 50ºC; entre outras vantagens.

Impactos

Quanto aos possíveis impactos econômicos gerados, a pesquisa tem apontado o fortalecimento da bioeconomia através da valorização da cadeia produtiva do guaraná e a possibilidade de aplicação desse processo em outras cadeias produtivas, além de promover a preservação ambiental através do uso eficiente dos recursos naturais pelo conceito da economia circular.

Os frutos utilizados no estudo foram adquiridos no município de Urucará (a 261 quilômetros de Manaus), e o processo de extração realizado pela indústria do qual são gerados os resíduos são reproduzidos em laboratório.

A pesquisa está sendo realizada no Laboratório de Processos de Separação (Labpros) da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em parceria com laboratórios da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da Universidade do Estado de São Paulo (USP/EEL).

O estudo é apoiado pelo Programa Amazônidas – Mulheres e Meninas na Ciência – Edital nº 002/2021 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).