Neste Dia da Consciência Negra, artistas da mostra ressaltam importância das raízes afrodescendentes na construção da cultura popular

FOTOS: Michael Dantas/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

Tambores começam a ecoar, ganzás a vibrar, dando vida aos ritmos afros. Maracatu, afoxé, frevo e samba, manifestações típicas do folclore brasileiro são representadas pelos grupos inseridos na programação da Amyipaguana – Mostra de Cultura Popular. Neste domingo (20/11), Dia da Consciência Negra, artistas refletem sobre as raízes da cultura popular, presentes no evento promovido pelo Governo do Amazonas, por meio, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.

A programação da Amyipaguana enfoca temas contemporâneos, defende narrativas, vivências e lutas dos povos negros, assim como a música e a cultura afro-amazônica. O secretário executivo da pasta, Luis Carlos Bonates, aponta que o evento vai além da difusão das diversas expressões da cultura popular, e assume uma perspectiva educacional.

FOTOS: Michael Dantas/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

“Estreitar o contato entre diferentes linguagens e o público é tornar a cultura popular palpável. As músicas contam muito sobre a história das comunidades e do folclore brasileiro, das raízes africanas da nossa história”, enfatiza o secretário executivo, mestre de capoeira e idealizador do movimento.

Entre os grupos atuantes na Amyipaguana está o Maracatu Pedra Encantada, formado por mais de 20 artistas, batuqueiros e produtores culturais, com sete anos de atuação em Manaus. A coordenadora do grupo, Erika Tahiane, explica que o toque de maracatu de baque virado faz ecoar os desafios enfrentados pelos movimentos.

“O grupo segue expandindo o baque das ondas na região amazônica através de apresentações, oficinas, exposições, rodas de conversas e participações especiais, fortificando as raízes da cultura preta do baque virado e contribuindo na luta contra o racismo e a intolerância religiosa”, revela Erika.

Mulheres na cultura

Os desafios enfrentados pelos movimentos culturais populares perpassam ainda o empoderamento feminino, como cita a multiartista e agitadora cultural, Cléia Alves, também integrante do Maracatu Pedra Encantada e do grupo Malungo Dudu, este adepto de vários ritmos, como samba reggae, afoxé, reggae e músicas do candomblé e umbanda.

“A História mostra que a mulher sempre esteve atuando muito intensamente na cultura popular, mas muitas das vezes somente nos bastidores, cozinhando, costurando, bordando (…) enquanto os homens tocavam, cantavam e dançavam nos folguedos, batuques e grupos de brincantes”, disse. “Eu sigo tentando tocar o tambor e representar a mulher nesse lugar. A luta é diária e contínua”.

Outros movimentos que fortalecem as raízes da cultura popular estão na programação da Amyipaguana. Integrantes dos grupos serão protagonistas nas palestras e oficinas durante o evento. O calendário completo das atividades está disponível no @culturadoam.

Amyipaguana

A Amyipaguana – Mostra de Cultura Popular chegou a sua terceira edição com atividades que iniciaram na sexta-feira (18/11), no Largo de São Sebastião.

A programação da mostra segue até o dia 26 de novembro, com oficinas e palestras no Teatro Gebes Medeiros, além de documentários exibidos nas plataformas digitais da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. “Amyipaguana”, do tupi-guarani, significa “ancestralidade”.