Estrutura que visa apoiar a previsão sazonal de secas e enchentes coletará, também, dados para avaliação do clima da região
Pesquisadores e alunos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) instalaram, no período de 12 a 17 de julho, uma estação de monitoramento meteorológico na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Madeira, localizado em Novo Aripuanã (a 227 quilômetros de Manaus). A ação é a segunda etapa do projeto “Sistema de Previsão de Secas e Enchentes em Apoio à Gestão da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Madeira”.
O projeto é financiado pelas Fundações de Amparo à Pesquisa dos Estados do Amazonas e de São Paulo (Fapeam/Fapesp), e também conta com a parceria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema).
A estação coletará dados de temperatura do ar, precipitação, umidade relativa, velocidade e direção do vento, pressão atmosférica e radiação solar. As informações coletadas servirão para avaliação do clima da região e para produção e validação de modelos numéricos climáticos, utilizados para a previsão de secas e enchentes na região da RDS do Rio Madeira.
De acordo com o coordenador do projeto, Dr. Francis Wagner Silva Correia, com o aumento do desmatamento, queimadas e gases do efeito estufa na Amazônia, as medições realizadas fornecerão um indicador de possíveis alterações no clima relacionadas a essas ações.
“O projeto tem como objetivo desenvolver o sistema de previsão de secas e enchentes, focado na bacia do rio Madeira, o que tem de melhor de modelagem climática e ideológica no Brasil, configurar e adaptar para bacia Amazônica e usar esse modelo pra fazer a previsão de até quatro meses, de chuva, cota, vazão e a inundação para a bacia do rio Madeira”, observou o coordenador.
A instalação da estação foi realizada pelo coordenador do projeto, com apoio dos doutorandos do Programa Clima e Ambiente (Cliamb) UEA/Inpa, Weslley Gomes e Leonardo Vergasta; dos alunos Iasmim Alves e Gerson Briglia; e dos técnicos da Sema, Andreia Mar e Rodrigo Mar.
Segundo o Secretário de Meio Ambiente, Eduardo Taveira, o projeto é muito importante, pois a área do rio Madeira, é um local de frequentes mudanças climáticas, que impactam tanto economicamente e socialmente, como também no meio ambiente da região.
“A gente precisa de dados para que possamos mitigar o impacto dessas mudanças que estão acontecendo e até, também, ter modelos de política pública de adaptação a essas mudanças, que estão acontecendo ali naquela área”, afirmou o secretário.
Workshop
Ainda, durante a viagem, foi realizado o workshop “A Amazônia e as Mudanças no Clima” para apresentar e discutir com gestores e as comunidades, da RDS do Rio Madeira, a importância dos serviços ambientais fornecidos pela Floresta Amazônica; e os efeitos nocivos do aumento dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) e dos desmatamentos no clima regional e global.
“Além da questão do projeto elaborar o sistema de previsão de secas e enchentes, tem um cunho educacional. A gente está capacitando, qualificando alunos da universidade, no entendimento do clima, das variações do clima, das alterações climáticas e, também, criando uma massa crítica no Amazonas para conseguir modelar esses processos hidrológicos, climáticos”, observou o coordenador do projeto.
O workshop contou com a participação dos alunos do curso de Agroecologia da UEA de Novo Aripuanã, alunos do ensino médio da Escola Municipal João Flávio Doval, além dos membros das comunidades de Santa Rosa e Santa Maria, e técnicos da Sema.
Projeto
O Sistema de Previsão de Secas e Enchentes em Apoio à Gestão da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Madeira tem como objetivo o desenvolvimento de um Sistema de Previsão Sazonal de Secas e Enchentes.
O sistema será composto pelo monitoramento hidroclimático e pelo estado da arte em modelos numéricos climáticos e hidrológicos. Além disso, contribuirá com o poder público no planejamento de ações para mitigação dos efeitos das secas e enchentes; no planejamento e redução das perdas na produção agrícola; na redução dos efeitos nocivos desses eventos na saúde e na educação; e na redução da vulnerabilidade dos povos e comunidades na RDS do Rio Madeira.
O projeto conta com a participação de professores da UEA, do Inpe, de e alunos dos cursos da UEA de Meteorologia e de Engenharia de Computação, além do programa de pós-graduação em Clima e Ambiente da UEA e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Cliamb – UEA/Inpa).